A tendência revelada
nos últimos anos por apartamentos supercompactos é, na opinião de especialistas
e empresários do setor, irreversível. Para participantes do Summit Imobiliário
Brasil 2016, o envelhecimento da população e o estilo de vida propagados entre
os mais novos é compatível nas grandes cidades do País e do mundo com soluções
residenciais com 15 m², no máximo 30 m² de área útil.
"Não tem por que
a gente continuar olhando para imóveis com grande espaço físico em cidades onde
se prioriza a vida a céu aberto e onde cada vez mais se buscam soluções mais
econômicas e eficientes", afirma o empresário Antônio Setin, da
incorporadora Setin.
De 2011 a 2015 a
empresa lançou sete empreendimentos na região do centro de São Paulo, com
apartamentos de 18 m² a 22 m². "Descobri esse mercado no dia em que entrei
num hotel de baixo custo no exterior, com uma suíte de 13 m². Foi uma revolução
para mim, que estava acostumado com quartos de 30 m², 40m²", conta Setin,
que trouxe ao Brasil a rede de hotéis Formule 1, hoje Ibis Budget.
Principal divulgador
do Tiny House Moviment (Movimento de Casas Minúsculas, em tradução livre), o
americano Andrew Morrison diz que a procura por espaços menores é motivada
pelos anseios das novas gerações. "São pessoas que não estão dispostas a
percorrer longas distâncias de casa para o trabalho, nem comprometer o
orçamento com financiamento imobiliário", conta ele, que mora em uma casa
de 19 m² com a mulher e dois filhos adolescentes no Oregon, nos Estados Unidos.
"Desde a crise de 2008, o movimento de casas minúsculas cresce bastante
nos Estados Unidos", afirma Morrison.
Morrison vê
potencial no Brasil para minicasas. "Meu entendimento é que o Brasil tem
uma pequena parte de casas acessíveis, e isso acontece porque, a exemplo dos
Estados Unidos, há uma grande distância entre os que têm muita riqueza e os que
têm muito pouco."
Para Sumara Osório,
diretora da Y&R, especialista em hábitos de consumo da geração millennium
(jovens entre 18 e 35 anos), o mercado imobiliário vai precisar aprender a
trabalhar com esse novo cliente. "Esse público representa um grande
desafio para as empresas. Mais da metade não pensa em comprar um carro e está
acostumada a se relacionar com marcas disruptivas, como Waze, WhatsApp e
Uber", analisa.
Já o médico
Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade no Brasil,
destaca as características dos consumidores idosos. "Vamos viver 30 anos
mais que nossos avós. No Brasil, já somos mais de 47 milhões de pessoas com 50
anos ou mais. É preciso pensar em projetos 'amigos da idade', tendo em vista
que muitos desses homens e mulheres têm um grande potencial de compra",
afirma.
Fonte: O Estado de S. Paulo