A recessão econômica que atinge o país traz
nuances dolorosas à vida cotidiana do brasileiro. Uma delas é a dificuldade das
pessoas para honrar os compromissos financeiros assumidos, como a compra da tão
sonhada casa própria. Isso tem influenciado no número de imóveis retomados por
inadimplência no Brasil.
Dados da Caixa Econômica Federal, maior financiadora do país no setor,
mostram que a retomada de imóveis pelo banco cresceu nos últimos anos. Entre
2015 e 2016, o número de unidades retomadas quase dobrou. Em 2016, 15.881
unidades foram retomadas pela Caixa, ou 0,35% da carteira. Um ano antes, foram
8.775 unidades.
Já para a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras
Imobiliárias), a relação distrato (devolução)/vendas atingiu 41,6% em fevereiro
deste ano - último mês do levantamento.
"A queda na atividade econômica atinge a renda das famílias e faz
com que a capacidade de pagamento também sofra demais", afirma Luiz
Antonio França, presidente da entidade.
A psicóloga Renata dos Santos, 34, viu o sonho de ter uma residência
própria ruir quando perdeu o emprego e não teve mais condições de honrar o
financiamento que havia conseguido com o banco anos antes.
"Estou há um tempo desempregada e não consegui renegociar minha
dívida. Aí veio o banco, e, por meio de uma decisão judicial, tomou o imóvel e
o colocou para leilão", conta.
O procedimento de leiloar os imóveis retomados é previsto em lei. Dessa
forma, de acordo com a empresa Mega Leilões, o número de unidades que ficam
disponíveis para serem arrematados praticamente dobrou no último ano.
"É uma sensação horrível você ter feito um planejamento, ter
acertado um financiamento, e saber que aquela casa que seria sua vai a
leilão", conta Renata.
O que fazer - Especialistas indicam a renegociação aos consumidores que
não estejam conseguindo honrar os compromissos. Além disso, é importante também
não demorar a tomar tal atitude.
"Está atrasado com o banco? O primeiro passo é tentar renegociar,
depois disso você pode tentar portabilidade para outro banco ou até mesmo, se
não der, vender e partir para o negócio menor", diz o advogado Thomás de
Figueiredo Ferreira, especialista em distrato imobiliário.
Para ele, quanto antes a pessoa assumir que não terá condições de
continuar a pagar a construtora, menor será o prejuízo final.
"Se você pedir pelo distrato, na esfera judicial, poderá ter de 80%
a 90% daquilo que você pagou. Se demorar muito, a cada mês que você pagar mil
reais, a construtora só vai te pagar de 800 reais a 900 reais",
conclui.
Fonte: Veja On Line
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